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08/10/2014

Estudio no Paraguai recicla materiais na construção de seu escritório, em projeto econômico e repleto de invenções

Um olhar menos atento não consegue ver a curiosa construção que ocupa o terreno arborizado. Trata-se do Boceto Estúdio (em português, Esboço Estúdio) do arquiteto e professor Luis Elgue. A obra, inteiramente térrea, reúne espaço de trabalho e um pequeno apartamento para visitantes e colaboradores.

O terreno era ocupado por uma velha casa que há vários anos aguardava ser alugada, sem sucesso. Procurando um local para seu novo estúdio, o arquiteto conseguiu negociar uma locação que permitisse a demolição da casa para a construção de novo imóvel, com a opção de compra após o final do contrato.

Para obter a desejada redução de custos, Elgue planejou e realizou uma obra que aproveitasse ao máximo os materiais da antiga construção, eliminando componentes mais custosos, como caixilhos, luminárias e revestimentos industrializados.

Face ao excesso de luz e calor que caracterizam o clima de Assunção, o projeto incluiu uma pele externa, construída com alvenaria de tijolos nus, que protege os espaços de trabalho contra o sol e a intrusão de desconhecidos. Essa parede externa foi dotada de pequenas aberturas vazadas na alvenaria de tijolos, chamadas de "poros" pela capacidade de permitir as trocas de ar, montados com uma leve inclinação para evitar a entrada de chuva.

Nos dias mais frios de inverno, as aberturas são vedadas por placas de vidro reciclado. No calor do verão, esses poros são abertos por um mecanismo de cabos de aço, que levantam os vedos de vidro
.
Nas laterais, junto aos condutos de águas pluviais, o arquiteto instalou outras aberturas, poros horizontais fechados com placas de vidro, que proporcionam a entrada controlada da iluminação natural. Abaixo desses lanternins, painéis de madeira pintados de branco refletem a luz ao teto branco e daí até os pontos de trabalho.

As duas únicas janelas do estúdio são voltadas para o corredor externo, protegido pelo muro vazado. Em vez de caixilhos metálicos ou de madeira, os arquitetos desenvolveram uma solução simples, com uma placa de vidro temperado e um painel de madeira. Pivotantes no sentido vertical, as duas peças permitem o controle eficiente da entrada de ar.

Internamente, o acabamento é também franciscano, com pintura branca, piso de cimento queimado e luminárias improvisadas com simples soquetes habilmente posicionados na composição dos ambientes.

As portas de perfis de aço, madeira e painéis de vidro temperado também foram construídas na obra com material de reciclagem, explica o arquiteto.

A construção é bruta, dura ao primeiro olhar, mas ganha encantos com as sucessivas mudanças de luz e sombras durante o dia. À noite, alguns simples spots de luz instalados externamente destacam a volumetria e reiteram as imperfeições da alvenaria de tijolos.

O pátio externo é sombreado pelas árvores existentes, sob as quais os arquitetos improvisaram bancos para o descanso e o desfrute coletivo de um tererê. Para completar a área de lazer, uma inevitável instalação para a parrilla (churrasqueira), ponto de encontro nos momentos de descanso e lazer.

Veja mais fotos do projeto no link abaixo.

goo.gl/LResP2

Fonte: au.pini