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16/12/2014

Projeto-piloto reflete a importância da relação mais integrada entre o edifício e a rua

A fim de demonstrar os danos causados pelo modelo de lotes fechados e a negação com o espaço público, que provoca a desertificação das calçadas e a ausência de diversidade de usos nos bairros, o arquiteto Marco Suassuna desenvolveu um projeto investigativo que reflete a importância da relação mais integrada entre o edifício e a rua, a partir de um desenho urbano de quadra aberta.

Em contraponto aos loteamentos convencionais, cujo parcelamento do solo se baseia na Lei Nº. 6.766, de 19 de dezembro de 1979, o estudo intitulado “Desenhando a quadra urbana: A importância da quadra híbrida no cotidiano dos bairros” debate as interferências desta uniformização dos bairros sob as condições de espaços públicos e privados, a mobilidade urbana, a economia local e, até mesmo, o planejamento urbano.

O arquiteto propôs uma escala mais humana nos bairros ao eliminar as barreiras físicas (muros, cercas, grades), além de promover a polifuncionalidade de atividades no térreo, no intuito de contribuir com as interações socioespaciais cotidianas. “Como mudança gradual, a proposta parte do remembramento de dois lotes de 10 x 20m (lotes típicos em bairros de baixa renda) como referência catalisadora de parcelamento alternativo do solo e da ordenação espacial”, explica Suassuna.

O estudo “piloto-investigativo” de uma quadra no bairro de Mangabeira, situado na zona sul da cidade de João Pessoa (PB), avalia, através de duas concepções espaciais de desenhos de quadras abertas, as relações dos pedestres com as calçadas, os usos e a animação urbana no espaço público mais equipado.

Na escala privada dos apartamentos, a concepção espacial do projeto aponta a flexibilidade de layouts e a expansibilidade compatíveis com a heterogeneidade das famílias contemporâneas. Para favorecer o planejamento familiar, que ao longo dos anos pode expandir, as áreas dos apartamentos variam de 50 m2 a 82 m2, com até quatro dormitórios quando ampliados.

O bairro e a quadra existentes, objeto de estudo, foram construídos nos anos de 1980. Conforme a análise feita por Suassuna, depois de mais de 30 anos, as obras financiadas pelo programa do Governo Federal – “Minha Casa Minha Vida” – ainda produzem conjuntos habitacionais impessoais e com baixa qualidade arquitetônica e urbanística.

“Entende-se, por fim, que para a transformação de uma cidade para as pessoas e melhor qualidade espacial, é preciso rever suas legislações urbanísticas obsoletas. Os estudos espaciais especulativos e comparativos na escala do bairro podem apoiar o debate neste sentido”, conclui o arquiteto.

Fonte: Arq Bacana