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Daniel Libeskind e o Edifício Vitra, sua primeira obra no Brasil
O Itaim Bibi, bairro nobre da Zona Oeste de São Paulo, é o cenário da primeira obra do arquiteto polonês naturalizado norte-americano Daniel Libeskind na América do Sul. Projetada com o apoio do escritório local Pablo Slemenson Arquitetura, a torre multifacetada, inaugurada neste ano, é envolta por pele de vidro, que oculta 14 luxuosos apartamentos (um por andar e mais a cobertura duplex).
Daniel Libeskind é autor de projetos consagrados mundialmente, como o One World Trade Center (1 WTC), principal edificação do Marco Zero em Nova York (onde ficavam as Torres Gêmeas), e o Museu Judaico de Berlim, que, assim como o recém-inaugurado edifício residencial Vitra, em São Paulo, ostentam formas angulares expressivas. Seu processo criativo, como mostra um vídeo de divulgação da JHSF - incorporadora e construtora do empreendimento na capital paulista -, resulta não só do conhecimento técnico, mas de uma abordagem poética e sensorial em relação ao ambiente. Libeskind, que chegou a estudar música, diz que ouvir o espaço faz parte do seu amor pela arquitetura. O edifício fica numa área linda e cheia de energia, mas é diferente da maioria das construções de São Paulo, sejam residências ou outras, no formato de caixas esticadas. Pensei que usando a luz da cidade deveria criar uma forma escultural (...) que se torna icônica não por meio de truques inteligentes, mas pela sua posição, explica o arquiteto.
Rodeado por construções com no máximo dois andares, o Vitra se destaca na paisagem pela volumetria e por ser inteiramente envolvido por vidro, recurso mais comumente empregado em projetos corporativos. Levemente refletivos e de baixa transmissão de calor, os vidros garantem que a visibilidade durante o dia ocorra apenas do interior para o exterior. No período noturno, a privacidade e a proteção de luz são propiciadas por cortinas de vedação que, como explica a equipe do escritório Pablo Slemenson Arquitetura, foram cuidadosamente estudadas para que se incorporassem às fachadas inclinadas: trilhos curvos permitem seu posicionamento paralelo aos pilares robustos e arredondados.
Para permitir a ventilação natural, mantendo o conceito de pele envidraçada, foi utilizado o o mecanismo de abertura oscilo-paralelo (abre e tomba). A adoção do sistema unitizado, em que as esquadrias chegam prontas na obra, com vidros e ferragens, permitiu que a montagem da fachada ganhasse rapidez. O edifício possui amplas sacadas, que, além de demarcar visualmente uma das suas faces, colaboram para o arejamento dos ambientes. O conforto acústico é favorecido pela escolha de vidros laminados e esquadrias de alumínio em espessura apropriada, além do uso de contrapiso flutuante e chapas duplas de gesso acartonado em algumas paredes.
Cada uma das 14 unidades residenciais tem planta exclusiva - sutilmente diferenciadas pela inclinação do edifício -, com medidas que variam de 565 a 1.145 metros quadrados (neste caso, a do apartamento duplex). No térreo estão localizados os espaços de lazer: spa, academia e lounge, além de uma piscina. A cobertura, que ocupa os dois últimos andares, possui ainda uma varanda com piscina privativa. A estrutura do Vitra é composta por lajes maciças de concreto e grandes vãos sem vigamento aparente. Esse tipo de solução exige dos pilares a absorção total da carga de vento, diferentemente de uma estrutura convencional, em que as vigas recebem boa parte desse esforço, permitindo pilares mais esbeltos, ressalta o escritório local.
A sustentabilidade, apresentada como um dos aspectos diferenciais do projeto, conta, entre outros itens, com placas solares de aquecimento de água, complementares ao sistema a gás, e com o reúso de águas pluviais para irrigação e lavagem de jardins. Além disso, garantiu-se que 20% de todo o insumo/material de construção e mobiliário fosse procedente de fornecedores situados a no máximo 800 quilômetros. Em conjunto, essas e outras soluções permitiram ao empreendimento obter o selo de Alta Qualidade Ambiental (Aqua).
Fonte: Arcoweb